No mundo dos gamers, mulheres são constantemente atacadas.
Em uma sociedade machista, a internet facilita e protege os abusos.

A cultura Geek cresceu com o avanço da tecnologia e a implantação dos jogos online, que chamaram atenção tantos daqueles que já eram fascinados por histórias fantásticas quanto das pessoas que não apreciavam HQs, animes e filmes de ficção científica. Hoje, pessoas de variadas idades podem jogar em campeonatos e até mesmo atuar profissionalmente, o tornando um esporte.
Apesar de todos serem bem-vindos, temos registros da cultura machista que está empregada na internet. Ao fazer uma pesquisa, vimos que de seis mulheres entrevistadas, cinco delas já foram alvos de assédio virtual.
Júlia, de 19 anos que disse que nunca sofreu esse tipo de inconveniência, afirmou: “ Já quis jogar jogos online mais ‘violentos’, mas eu sei que tem pessoas bastante machistas. Então eu prefiro jogar Among, Minecraft e The Sims”. Esses três jogos teriam participantes mais conscientes e diversificados. Entretanto, eles não escapam dos feitos também.
Ouvimos um relato de uma menina menor de idade que ao falar no chat do jogo Among Us, o proprietário da sala privou a conversa com ela. O rapaz começou a atribuir elogios relacionados ao jogo, e quando ela agradeceu, os ‘elogios’ começaram a mudar, se referindo agora ao seu corpo. A garota de apenas 13 anos comentou que quando isso acontece, apesar de ficar incomodada, apenas sai das partidas.
O que mais aborrece as jogadoras é a negligência das empresas perante os abusos. “Ajudaria bastante seria se eles analisassem as denúncias que são feitas com frequência dentro do bate-papo do jogo por causa de assédio. Eles demoram semanas e talvez até meses para fazerem a análise, sendo que na minha opinião, essas denúncias referentes a assédio deveriam ter uma atenção maior, por se tratar de uma coisa tão delicada”, diz Bianca, jogadora de League of Legends, um dos jogos onde mais se tem queixas.
Várias jogadoras profissionais ficaram desacreditadas de suas habilidades, pois a comunidade alegava que os homens tinham mais facilidade com os botões. Ao fazer streams, vídeos ao vivo dos jogos, recebem comentários as rebaixando e as sexualizando, e quando elas tentam fazer algo a respeito ou até mesmo pedir atenção das empresas para o ocorrido, são demitidas como forma de proteção e de não serem mais expostas a esse constrangimento.
Ao perguntarmos sobre o posicionamento dos cooperações, as entrevistadas afirmam que é uma atitude sem cabimento por dar a entender que as jogadoras são inadequadas. “A Razer mesmo, tantos machistas lá, tanta gente babaca, e eles demitiram ela por exposição? Ah, e eles alegaram que ela fez uma coisa errada” diz Echilei citando o caso da Gabi Catuzzo.
A jogadora, muito famosa por suas lives, perdeu seu patrocínio com a fabricante de hardware depois de responder um comentário com explicitação sexual. “Sempre vai ter um macho f*dido para falar m*rda e sexualizar uma mulher, até quando a mulher está fazendo uma piada, né? É por isso que homem é lixo” foi o que a influenciadora desabafou no seu twitter.
Depois do acontecido, a Razer emitiu uma nota oficial alegando que o contrato da Catuzzo não seria renovado e que a marca não compactuava com as opiniões da streamer “que é totalmente contrária a qualquer tipo de discriminação, seja se sexo, religião, partido político ou qualquer tipo de intolerância ou extremismo”.
Os que acompanhavam a jogadora foram contra a demissão, porém não adiantou e a quebra do contrato aconteceu.
Dia após dia, as mulheres lutam pelo seu espaço no meio midiático tentando se dissociar da imagem erótica, mas ainda estamos longe de um tempo em que a mulher poderá desfrutar de um simples jogo sem ser assediada.
